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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Autopsicografia


O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
na dor lida sente bem,
não as duas que ele teve
mas só a que ele não tem.

E assim nas calhas de roda
gira a entreter a razão.
Esse comboio de corda
que se chama coração.

Autor ( Fernando Pessoa. )


2 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Este poema de Fernando Pessoa é maravilhoso.
Excelente escolha.
Beijinhos
Maria

Lilá(s) disse...

Tomara eu ser poeta!
Boa escolha.
Bjs